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TRUMP NOS ESTADOS UNIDOS: POSSÍVEIS EFEITOS NO BRASIL

  • paraumnovocomeco
  • 30 de nov. de 2024
  • 4 min de leitura

30/11/2024


É notório que desde a derrota de Jair Messias Bolsonaro, em 2022, por uma vantagem mínima ante Lula/Alckmin, ficaram algumas reflexões em aberto que necessitam uma melhor compreensão em um contexto mais amplo.


A vitória de Trump nas recentes eleições dos EUA, assim como de outros governos com a mesma conotação político/ideológico/nacionalista (Milei/Argentina, Orbán/Hungria, Erdoğan/Turquia, assim, é claro, como foi Bolsonaro no Brasil, dentre outros) precisam ser vistos como parte de uma resposta à crise expansionista do capital e da ativação dos seus limites absolutos.


São governos que visam resolver os problemas de ordem econômica, política, social e geopolíticos relacionados à crise estrutural do capital, pela via autoritária e antidemocrática, bem como, reenquadrar Estados Nacionais, países e territórios, na realidade atual da circulação geral do capital e de suas novas cadeias de produção.


Do ponto de vista geoeconômico, verificamos que há uma tentativa de centralizar ou reverter aos países que estão no centro diretivo do capital, as atividades econômicas de maior lucratividade e relegar aos demais territórios nacionais a função de meros fornecedores de commodities e consumidores de mercadorias de maior valor agregado.


Os discursos isolacionistas e protecionistas vão de acordo com os interesses do agronegócio? Somente a pauta ideológica poderá suprir as necessidades deste setor e impulsionar a ultradireita - mesmo sem Bolsonaro - no Brasil? A esquerda institucional brasileira (partidos de esquerda, que têm as eleições como eixo central de sua atuação), conseguirão atender as demandas populares a partir de acordos e conciliações com os setores da burguesia que operam no Brasil?


Em nosso país, dentro das perspectivas institucionais, houve eleições municipais, que resultaram no domínio dos partidos que dominam o agronegócio (o popular centrão, a direita e a extrema direita), acenando - e com o discurso voltado para - o empreendedorismo seja de setor de serviços, via as redes sociais, trabalho por aplicativos e outros.


O chamado “empreendedorismo”, em particular o trabalho via plataformas e aplicativos, vêm cumprindo um papel importante na nova configuração da classe trabalhadora, porém parte desse setor não se vê como trabalhador, mas como um empresário de si mesmo, que não consegue perceber as relações de precariedade do trabalho e sua forma de exploração.

No Brasil, há uma elite agrário-exportadora devastadora das nossas riquezas naturais, que, quando não têm os seus interesses atendidos, age com o apoio e uso das forças de armadas. Por exemplo: junto com o exército brasileiro derrubaram D. Pedro II por causa da Lei Áurea de 1888; durante a República Velha todas as revoltas populares foram suprimidas; em 1964 derrubaram o Presidente Jango...


A história do Brasil e da América Latina é marcada por golpes, repressão às camadas populares quando se mobilizam, e por conciliação entre as elites e o capital transnacional.

É importante ressaltar o tripé macro da economia brasileira: capital financeiro (Bancos), Agronegócio (pecuária e agricultura) e o Capital externo (empresas multinacionais que exploraram o mercado brasileiro), seguindo uma lógica de exportação.


Além disso tudo, hoje no Brasil os partidos políticos de Direita passam uma falsa ideia de atender as necessidades da classe trabalhadora ou colaboradora tendo um discurso moralizante religioso da prosperidade (evangélicos), que irão atender as demandas e necessidades econômicas, ou seja, a direita hoje toca no tema do trabalho.


Todos esses caminhos e entendimentos apontados são necessários para entender os impactos de Trump II sobre o Brasil e como se darão as eleições brasileiras em 2026. Com a quase certa condenação e prisão de Bolsonaro e demais lideranças golpistas, fica a questão de quem irá assumir seu papel como principal liderança da ultradireita e político de Trump no Brasil.


No que diz respeito aos impactos de Trump II e o Brasil, a montagem do governo já demonstra que procurará endurecer as relações com governos de centro-esquerda e até mesmo com os de centro direita, com sobretaxas, incentivos redobrados ao aumento do desmatamento, garimpo e outras formas de extração ilegais, pela via do negacionismo das mudanças climáticas e dos acordos ambientais; pressão por entrega de recursos naturais e serviços públicos lucrativos às empresas dos EUA (privatizações) apoio ideológico e financeiro a movimentos e lideranças de direita, extrema-direita e pró-EUA, tudo visando ao mesmo tempo combater a influência crescente da China.


Por fim, acreditamos que as crises econômicas e políticas podem ser uma via de transformação social, desde que consigamos construir uma alternativa sociometabólica com vistas a superação do capital, e a partir disso, eliminarmos o mais trabalho e o mais valor.

No Brasil, na questão do território temos de buscar formas de superar o agronegócio e não compactuar com ele, de modo que as terras sejam um instrumento de defesa da soberania alimentar, política e um espaço de construção de alternativas de formas coletivas de vida e coexistência sustentável com o ambiente.


Ao mesmo tempo, é necessário unirmos forças para acabar com a espoliação financeira dos Bancos e do capital externo, o que passa por retomar a campanha por uma auditoria e não pagamento da Dívida Pública aos grandes agiotas.


Para Um Novo Começo – Centro Político Marxista

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