BRASIL 2025: DIALOGAR E MOBILIZAR COM AS BANDEIRAS POPULARES OU A DIREITA E ULTRADIREITA VÃO GANHAR ESPAÇO
- paraumnovocomeco
- 7 de fev.
- 5 min de leitura

06/01/2025
Bem, chegamos em 2025 e o governo Lula segue ameaçado e recuando cada vez mais diante de todas as pressões recebidas tanto do deus mercado quanto da política interna e externa.
Num ano considerado pré-eleitoral, o clima torna-se bastante instável. A marca do governo continua sendo o da conciliação e do diálogo, mas está sempre preso nas armadilhas da direita ultraconservadora que domina as decisões dentro do Congresso Nacional.
As pequenas vitórias obtidas pelo governo federal dentro da Câmara Federal estão no velho esquema do “toma lá dá cá”. Hoje já impera um semi-presidencialismo em que o Centrão tem o controle da maior parte do que sobra após o pagamento dos juros da Dívida Pública e das despesas obrigatórias. Como seguir mantendo-se em uma política conciliatória que não mais se sustenta?
Com isso, temos uma combinação em que tanto o discurso da ultradireita continua desafiando a popularidade do governo, mas que também as medidas do próprio governo abrem espaço para seu desgaste. No quadro atual a única forma de sair dessa sinuca-de-bico seria denunciando, enfrentando e chamando a enfrentar as amarras que impedem que se tomem as medidas necessárias para as grandes maiorias populares. Isso não apenas por parte do governo, mas também dos movimentos sociais que podem e devem ter sua autonomia para mobilizar pelas pautas de uma agenda econômica e política maior.
Ao insistir em uma estratégia de conciliação com o capital a todo custo, o governo fica sem as condições de poder atender suas próprias promessas de campanha como a isenção do Imposto de renda até 5 mil que, diga se de passagem, já é uma proposta muito limitada. Ao contrário, com o pacote de cortes nos reajustes do salário mínimo e maiores restrições na aquisição do BPC, o governo passa a atacar diretamente sua própria base de sustentação, os setores que mais precisam. Combina-se a isso a alta dos alimentos e temos um quadro de aperto nas condições de vida sentido pela maioria da população.
Para piorar, o governo, na pessoa de Haddad, ainda quis monitorar as transações via PIX acima de 5 mil, mas o fez de forma tão atabalhoada que abriu espaço para a extrema-direita lançar desinformação sobre taxação do PIX, levando-o a recuar para que o estrago não fosse ainda maior.
Os aumentos seguidos da taxa de juros pelo Banco Central agora presidido por Galípolo, indicação direta de Lula, tendem a asfixiar uma economia que recém vinha tentando se recuperar da crise e do desgoverno bolsonarista.
As fake news continuam sendo um instrumento poderoso de desestabilização das medidas tomadas pelo governo. Mas as fake news são construídas sobre a base das políticas que o próprio governo adota. O desafio da esquerda é mobilizar pelas pautas populares e que enfrentam o capital. Só assim será possível desmascarar e fazer frente à influência da direita e ultradireita.
Do ponto de vista dos movimentos sociais e das esquerdas, percebemos a grande dificuldade de contato real e diário com a realidade das periferias. Percebe-se que as lideranças dentro das igrejas evangélicas neopentecostais consolidaram o seu discurso político juntamente com a realidade destas comunidades. Os partidos de esquerda têm conseguido muito pouco em mobilizações populares, na verdade têm deixado de mobilizar pelas pautas mais amplas, como a agenda econômica e social. Isso é muito perigoso pois abre o espaço para a ultradireita.
O momento mais importante de mobilização surgiu, recentemente, com o movimento VAT (Vida Além do Trabalho), com enorme potencial de desmascarar a direita e a ultradireita. O debate esquentou as redes sociais, as mídias hegemônicas e atraiu grande número de trabalhadores (muitos jovens) com uma reivindicação fundamental para a saúde mental e a qualidade de vida no trabalho.
A pauta chegou até o Congresso Nacional, os debates foram vibrantes. Escancarou a realidade de vida dos trabalhadores brasileiros e o abismo que divide a vida dos “marajás” da política nacional. Uma pauta com enorme apelo popular e que possui alto poder de mobilização, podendo alavancar um debate maior sobre a própria revisão da jornada de trabalho e a superexploração. Infelizmente, a pauta não foi devidamente apoiada pelas maiores centrais. Foi se esvaziando, a pressão dos poderosos empresários e interesses escusos fizeram pouco a pouco amortecer esta luta, embora não morreu e pode aflorar a qualquer momento.
Se existem alguns ganhos no governo Lula, também existem muitas perdas. Os ganhos não estão suplantando as perdas e com elas vêm muitas frustrações, as decepções, o desânimo popular com a política econômica e social do governo. E se entrar um período de recessão devido ao aumento das taxas de juros, restrições internacionais e maiores pressões por cortes do empresariado? Por quanto tempo mais o povo suportará?
Pautas importantes vão ficando para trás. O MST, por exemplo, que luta pela terra e pelo cuidado dela com a prática da agroecologia, entre outras missões, desde a posse do presidente Lula não se vê contemplado com o início de uma justa e esperada reforma agrária. O uso de agrotóxicos continuam sendo uma prática comum por todo país. O agronegócio vence todos os dias, lucra alto e mantém um Brasil desigual e com uma mão de obra barata, até mesmo escravocrata em pleno século XXI.
O atual governo aposta e acredita que uma nova forma de comunicação pode engajar o povo, motivar e reconhecer o que já foi feito até aqui. É o bastante? Com o passar do tempo fica até mesmo a dúvida se poderá manter/conquistar seus eleitores em 2026.
Bem ao lado espreita o neoconservadorismo, o bolsonarismo golpista, os “coachs” oportunistas, a velha “cadela do fascismo no cio”.
O campo de esquerda precisa retomar a iniciativa pelas pautas gerais que possam fazer frente às necessidades da população e assim colocar a direita e ultra direita no defensiva.
Há um conjunto de pautas centrais que justificam campanhas e mobilizações unitárias pelo país como um todo:
- Taxação dos super-ricos e isenção imediata dos que ganham até 7500,00. Redução de impostos para a classe média e pequenos proprietários, autônomos;
- Intervenção nos preços dos alimentos com a obrigatoriedade de venda por valores abaixo do mercado mundial. Reforma Agrária com o fim do latifúndio e organização em cooperativas para produção agroecológica dos alimentos que a população necessita;
- Que as estatais pratiquem tarifas e preços sem finalidade lucrativa acionária. Reestatização sob controle dos trabalhadores das estatais privatizadas;
- Fim da escala 6x1 e redução geral da jornada de trabalho sem redução dos salários ;
- Auditoria e Não Pagamento da Dívida Pública (Só em 2023, apenas os juros e amortizações custaram 1,89 trilhão de reais aos cofres públicos) Mesmo assim a o sistema da Dívida não parou de crescer e já atingiu o montante total mais de R$ 9 trilhões! ( Fonte: https://auditoriacidada.org.br )
PARA UM NOVO COMEÇO – Centro Político Marxista
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