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Sobre as eleições venezuelanas de 28/07/2024

  • paraumnovocomeco
  • 30 de jul. de 2024
  • 3 min de leitura

30/07/2024


[Compartilhamos aqui as avaliações dos companheiros Aldo Casas (Argentina) e Luiz Bonilla (Venezuela) sobre a situação após as eleições venezuelanas]


Sobre o agravamento da crise na Venezuela.


Dado o agravamento da crise na Venezuela entendo que, daqui da Argentina, não podemos deixar de condenar nos termos mais veementes as declarações e ações intervencionistas, ultra-reacionárias e provocativas do Presidente Javier Milei e de todo o seu governo, que são ecoadas pela maioria dos dos meios de comunicação e dos líderes políticos burgueses que apelam, aberta ou secretamente, às forças armadas venezuelanas para que realizem um golpe de Estado e derrubem agora o Presidente Nicolás Maduro.

Ao mesmo tempo, é importante assinalar que o anúncio pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da vitória de Nicolás Maduro e a sua imediata autoproclamação como presidente eleito por mais 6 anos são inoportunos e precipitados, dados os dados incompletos e inconsistentes apresentados pelo CNE, sem atender às reivindicações de grande parte da oposição e da população.

Existe um clima de tensão e violência que já se manifestou em incidentes graves e perdas de vidas, alimentado por grupos de extrema-direita e asseclas e pelas ações, em muitos casos desproporcionais, das forças de segurança e de grupos que se autodenominam apoiadores do governo.

Cabe apenas aos venezuelanos, de forma pacífica e democrática, travar esta espiral de violência e encontrar uma solução política para a crise que respeite o princípio da soberania popular. Por isso, comprometo-me a divulgar o comunicado que meu amigo e colega Luis Bonilla-Molina* me enviou da Venezuela, com uma trajetória inquestionável como lutador social e político revolucionário.


Aldo Casas**, 30 de julho de 2024



A Outra Campanha exige transparência como garantia de direitos políticos !


Ontem, milhões de venezuelanos manifestamos a nossa vontade nas urnas eleitorais. Em um acontecimento histórico, se procurava avançar na reconstitucionalização do conflito venezuelano ao tentar definir quem exercerá a Presidência da República nos próximos 6 anos.

Embora tenha havido um resultado oficial, anunciado pelo Reitor Elvis Amoroso, dando a vitória ao atual Presidente Nicolás Maduro, este tem sido questionado por diferentes setores da oposição, por organizações sociais e por cidadãos que foram testemunha dos resultados das suas mesas eleitorais.

São preocupantes as reclamações que têm circulado até ao momento em relação à falta de acesso às atas e à transmissão de dados são preocupantes; também o são a incompatibilidade entre os dados apresentados pelo CNE e os 40% das atas nas mãos de um setor da oposição. Este setor tem o dever de fundamentar as suas reclamações com dados.

Qualquer violação da expressão da vontade das maiorias não é apenas contra uma das partes, mas contra o direito que temos como povo venezuelano de nos autodeterminarmos, de decidirmos o nosso futuro coletivo democraticamente. Neste contexto, cabe ao CNE cumprir escrupulosamente o seu dever de transparência e auditabilidade das atas e resultados. O acesso de todos os concorrentes da disputa eleitoral, bem como dos cidadãos, à contagem pública dos votos e a divulgação clara dos resultados, tabela a tabela, estado a estado, são garantias fundamentais para o exercício dos direitos políticos de todo o povo venezuelano e uma fonte de credibilidade do processo eleitoral.

Diante do exercício do direito de manifestação por parte de diferentes setores sociais em relação ao resultado eleitoral, A Outra Campanha*** exige que as forças de segurança atuem em estrita conformidade com os padrões de direitos humanos. Da mesma forma, exigimos que os líderes de todo o espectro político exerçam os seus direitos de forma responsável e sem encorajar a violência.

Governe quem governe, direitos se defendem !



*Luis Bonilla Molina é doutor em Ciência pedagógicas, militante social e membro da Liga Unitária Chavista Socialista (LUCHAS).

** Aldo Casas é pensador e militante marxista, fundador e membro do comitê editorial da revista Herramienta


***A Outra Campanha é uma articulação de 20 organizações da esquerda venezuelana, criticas tanto ao governo Maduro quanto à oposição liberal.


 
 
 

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