MANTER E AMPLIAR AS LUTAS, A PRESENÇA NAS RUAS E A CONSTRUÇÃO DOS ESPAÇOS DE (CONTRA) PODER D@S DE BAIXO!
- paraumnovocomeco
- 20 de out.
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20/10/25
A instabilidade política que vivemos, atualmente, produz diferentes reflexos no nosso cotidiano. Em termos de Brasil, a herança política do bolsonarismo, a atuação do Centrão, a política do governo Lula/frente ampla, que prioriza os acordos e conciliações pelo alto no Congresso, todos esses fatores seguem travando mudanças fundamentais para áreas econômicas e sociais. O chamado “pleno emprego”, vivido neste governo Lula, ocorre no marco de baixos salários e não abrange a segurança para muitas categorias, por exemplo, os trabalhadores informais.
A sensação, muitas vezes, é que os brasileiros "desistiram" dos políticos e suas promessas.
Assim, a "saída" de emergência que aparece é investir no próprio negócio. É impressionante a quantidade de trabalhadores, muitos jovens, que acreditam nesta luta de vencer com o próprio esforço, o empreendedorismo. É verdade que já começam a existir uma experiência e início de desgaste com essa pseudoalternativa mas tampouco a CLT exerce atratividade, dadas as baixas remunerações, a precarização de muitos serviços públicos e também a dificuldade crescente em conseguir se aposentar. É como se parte das gerações mais jovens da classe trabalhadora ao não enxergarem perspectivas de um futuro minimamente digno e tranquilo, preferissem empenhar seu futuro para viver o presente.
Mas o imediatismo nunca é um bom conselheiro.
O perigo da desmobilização política da população fere conquistas de políticas públicas importantes e dá campo livre para privatizações de setores essenciais, como o INSS, SUS, universidades públicas e outros mais; além de mais contrarreformas em pauta no Congresso, como a Reforma Administrativa, que na prática acaba com a estabilidade dos funcionários públicos, avança na terceirização e dá rédea solta ao assédio moral, adoecimentos, favorecimentos com a precarização ainda maior da qualidade.
Após os últimos acontecimentos: julgamento e condenação pelo STF de Bolsonaro e seu círculo de golpistas, o que amorteceu a discussão de nomes para a disputa eleitoral de 2026; envolvimento e apoio do bolsonarismo e de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao tarifaço de Trump, que prejudica a economia brasileira; manipulação do Congresso para anistiar políticos condenados do 8 de janeiro, culminando na "PEC da bandidagem”; reação popular, mobilização, o povo indo às ruas em todo o Brasil. Nas últimas semanas ainda tivemos as declarações de Tarcísio de Freitas em que mostrou sua total desconsideração pelas vítimas de contaminação das bebidas por metanol. Tudo isso trouxe uma queda de popularidade da ultradireita.
Pelo lado do governo, conseguiu a aprovação pelo Congresso da isenção do Imposto de Renda até R$ 5.000,00 e a redução da cobrança para quem ganha até R$ 7000,00. Também conta a seu favor o fato de que a economia vem conseguindo manter índices de crescimento e de emprego.
Assim, vemos que as eleições de 2026 apresentam neste momento um cenário mais favorável para reeleição de Lula. Mas pode haver revezes, como a derrubada da Medida Provisória do Governo que taxava alguns ramos de empresas super-ricas, retirando do Orçamento de 2026 em torno de 20 bilhões em receitas, levando a cortes e contingenciamentos sobre serviços públicos. Foi mais um momento em que vimos a atuação antipopular do Centrão, com envolvimento direto de Tarcísio de Freitas.
Dada a política de acordos e conciliações, apelando muito pouco à mobilização social, apenas em momentos em que se sente diretamente ameaçado, o governo federal segue preso às limitações das esfera institucional e aos ditames do Agronegócio e do Mercado Financeiro. Um balanço de pontos positivos e negativos do governo Lula fizeram com que sua popularidade não fosse tão expressiva como o esperado. Mesmo na perspectiva, limitada, de se impedir a volta da ultradireita ao governo federal, as dificuldades serão imensas até lá.
Pelo lado da população trabalhadora e da juventude, momentos como das mobilizações contra a absurda PEC da Blindagem nos trazem uma percepção que a população não está completamente distante das lutas; quer mudanças, melhorias para o bem viver. Contra a PEC da Blindagem, houve manifestações por todo país que aproveitaram para trazer as bandeiras concretas levantadas no dia a dia de cada movimento. Não faltam pautas e causas, como o fim da escala de trabalho 6 X 1; a taxação dos milionários e isenção de impostos para fatias maiores da classe trabalhadora; tarifa zero e transporte público de qualidade; valorização do trabalho e proteção das mulheres, crianças e idosos; contra o racismo, pelo direito ao aborto seguro e gratuito; pela liberdade e diversidade sexual (LGBTQIA+), pela demarcação e retomada de terras dos povos originários; contra a destruição ambiental, entre tantas outras.
É certa que as eleições de 2026 terão influência sobre os rumo do país, na formação do novo Congresso e Senado, se teremos uma proporção maior ou menor de eleit@s, afinados com políticas em benefício da burguesia ou da população carente.
Mas será um grande erro para as esquerdas e movimentos ficarem presos a essa lógica, pois sabemos que as eleições são um jogo no campo das classes dominantes, onde dinheiro, posições de poder, alcance da mídia, regras vigentes, etc., garantem já de antemão uma posição muito mais favorável para os candidatos da burguesia.
Mesmo reconhecendo a importância das eleições de 2026, não podemos direcionar a nossa estratégia para esse evento. Além de não ser realista, é perigoso, pois leva a deixar de impulsionar ou não jogar peso suficiente nas lutas diretas e nas mobilizações nacionais de rua que já mostraram que são o elemento mais dinâmico e promissor do ponto de vista da população explorada e oprimida.
Nos últimos anos, temos visto o potencial de combinação das lutas concretas com grandes mobilizações nacionais de rua por pautas maiores, desde a luta pela vacina contra a COVID, contra o avanço golpista do bolsonarismo e por Democracia, seguidas pelo Fora Bolsonaro. Em 2024, os movimentos de mulheres fora às ruas contra a PEC do Estupro. Neste ano, novamente mostrou-se essa força com a bandeira Sem Anistia e Contra a PEC da Blindagem. Em todos esses casos, a população na rua sempre significou um potencial de poder político dos de baixo. É neste caminho que as esquerdas precisam apostar, não ficando reféns do calendário eleitoral de 2026 e nem dos governos, deputados e senadores que venham a ser eleitos.
Mais do que conquistar mais eleitores é preciso desenvolver e avançar na criação/desenvolvimento de espaços e práticas que consigam dialogar com uma periferia tão contraditória, que hoje está em grande medida – embora haja pontos de resistência importantes -submetida à doutrina político-religiosa, oportunismo de políticos de ultradireita e a marginalidade das facções criminosas.
PARA UM NOVO COMEÇO – Centro Político Marxista







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