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POSSE DO GOVERNO, ATAQUES GOLPISTAS E DESAFIOS

  • paraumnovocomeco
  • 21 de jan. de 2023
  • 6 min de leitura

21/01/2023

Nota Política


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Os ataques em Brasília trazem à tona a dura realidade, já expressa no 1º turno das eleições, mas que havia ficado encoberta pela vitória de Lula: apesar de perder a presidência, a extrema direita saiu fortalecida e se constitui de forma organizada. Mesmo sem um partido político formal, possui organizações e redes de comunicação para conseguir fazer seus atos e se impor na agenda política. Mais do que isso possui uma ampla base social de massas que busca interagir e se mobilizar para impor sua agenda ultraliberal e de destruição.


A ação em Brasília de 08/01 mostra que a ultradireita conseguiu se organizar com pessoas e grupos que se comunicam, se financiam, recebem apoio de setores empresariais. Conseguiram juntar os vários grupos, sistematizar uma agenda e uma ação ousada e violenta.


Inclusive é preciso identificar a ultradireita como uma tendência que vem se organizando em nível internacional com o objetivo de tomar governos. Não é à toa a preocupação da até mesmo da direita “liberal democrática” (aquela que usa talheres, como já se disse) que embora busque se utilizar da ultradireita como ariete, muitas vezes atua depois para tentar contê-la, nem sempre com o sucesso esperado, como já vimos na história. Daí a sua preocupação internacional, como demonstram as falas na reunião do OEA (Organização dos Estados Americanos) e reportagens em diferentes sites, sobre o Brasil tornar-se um dos alvos no mundo para pessoas ligadas ao extremismo.


Também não se pode também perder de vista que as forças armadas são de fato um poder por trás do poder. As Forças Armadas sempre tiveram papel central na definição dos rumos do país, alinhadas ao imperialismo, desconfiadas e avessas a qualquer movimento de democratização e participação popular.

Hoje há a total cooptação/alinhamento de boa parte das forças de segurança pela ultradireita, fora os grupos paramilitares como as milícias, clubes de tiro e muitos outros.


Houve uma derrota eleitoral do Bolsonaro, mas o poder organizado da ultradireita se manteve, como bem se mostrou em sua capacidade de organizar bloqueios, a invasão das instituições em Brasília e outras.


Segundo fontes jornalísticas o risco de uma invasão aos prédios das instituições foi mapeado pela inteligência militar e governo. Portanto poderia ter sido evitada. Mas nem o Governo e nem as demais instituições esperavam esse nível de organização combinado com a conivência/apoio de setores importantes das Forças Armadas, governo de Brasília e Polícia Militar. Até a Guarda do Palácio não fez sequer o seu papel mínimo de guardar sua sede.

Importante ressaltar que o governo Lula vinha na busca de uma conciliação com os militares, sem tocar no alto comando. Lula ao contrário manteve os generais mais antigos e colocou José Múcio como Ministro da Defesa.


Assim vemos que as tentativas de conciliação de Lula ao estender a mão às Forças Armadas não os impediram de respaldar nos fatos um ataque dessa magnitude. Por que?

Por mais que fosse o desejo dos que participaram da ação golpista, neste momento não há interesse da burguesia e do imperialismo, nem clima político para um golpe, mas os verdadeiros mandantes. financiadores e apoiadores diretos ou indiretos pretendem deixar o governo acuado para que não sejam tocados nos seus interesses e negociatas. Inclusive no que toca à sua permanência em cargos nomeados no governo. Não nos esqueçamos que Bolsonaro deixou mais de 20 mil militares nomeados em muitos cargos de 2os e 3os escalões. E quanto ao financiamento, parte de muitas esferas que não querem ter seus interesses tocados. Não é à toa que as denúncias apontam para o agronegócio e outros setores empresariais como financiadores.


O governo, conseguiu dar uma resposta, liderando um movimento unidade nacional em de defesa das instituições e da democracia (burguesa) fechando um arco de alianças com as forças que compõem o Estado político.


Quanto a isso também as manifestações foram fundamentais para dar uma resposta imediata e fazer um contraponto em defesa dos direitos democráticos, contra a ultradireita e o golpismo. Os atos ecoaram as palavras de ordem de “Democracia!” e de “Sem Anistia!!” entendendo que são condições mínimas para que os movimentos sociais possam continuar lutando pelas demandas historicamente reprimidas.


E, ironia da história: mal começaram as prisões, vimos aqueles que acostumados com a impunidade, mesmo tendo seus direitos humanos respeitados, clamarem como se estivessem num campo de concentração ... É uma enorme demonstração de perda da racionalidade a que chegam pessoas conquistadas apenas pelos seus interesses, apoiadas na mentira e na calunia


Assim a luta número um deve ser pela prisão e punição de TODOS os golpistas e provocadores, além dos financiadores e autoridades coniventes. Isso é decisivo principalmente em um país como o Brasil que tem um passado de não punir os mandantes e torturadores da Ditadura Militar. Nenhuma Anistia! Foi o grito das manifestações.

Além disso é preciso a saída de José Múcio, uma pessoa errada no lugar e na hora errada, como bem disse Jeferson Miola, em artigo no canal 247.

Por outro lado esse início de ano já nos mostra que uma coisa é certa: não poderemos abrir mão da mobilização nas ruas.


Manter nossa independência e nossas pautas frente ao governo


A maior parte da burguesia percebeu que com Bolsonaro não dava para prosseguir. Houve a unidade para possibilitar o retorno de Lula por que Bolsonaro estava levando a economia para o abismo. Com Temer e Bolsonaro foram realizadas contrarreformas estruturais como a Emenda do “Teto de Gastos”, as Reformas Trabalhistas e Previdenciária, privatizações importantes, destruição dos ecossistemas para expandir a fronteira do agronegócio, etc. Mas a partir daí e principalmente com a pandemia se mostrou o acirramento da miséria e uma nova crise se desenhando no horizonte. O empresariado precisa de uma reorganização econômica e política, capaz de lidar com o novo quadro provocado pelas próprias políticas pró empresariais aprofundadas por Bolsonaro e seu “Posto Ipiranga”, além do Congresso.


Lula era o representante mais apropriado e capaz para se buscar essa reorganização. Fez se a aliança (Frente Ampla), para um novo governo de conciliação de classes, em condições mais difíceis do que os anteriores, e com a ameaça permanente da direita e da ultradireita. Essa polarização entre avanços e retrocessos é parte do contexto da América Latina, como estamos vendo no Peru, mas também com a possibilidade de movimentos sociais legítimos como foi a rebelião contra o reajuste dos combustíveis no Equador.


Assim, mesmo levando em conta a necessidade de unidade no enfrentamento contra a ultradireita, e mesmo o caos herdado do governo Bolsonaro, os movimentos sociais não podem ficar reféns do novo governo e seus ritmos, ou perderão sua condição de interlocutor das demandas sociais reais.


A frustração com o governo e com a esquerda pode levar a um avanço da ultradireita ainda mais forte e para que isso não aconteça é decisivo o papel das esquerdas de, por um lado defender o governo contra a ultradireita mas por outro manter sua independência e luta pelas demandas reais, sem se tornar uma mera defensora do governo pois sabemos que não é um governo de esquerda, mas de conciliação de classes, e que no seu interior dada as alianças formadas, as decisões mais estruturais irão tender para a direita, a serviço dos interesses do capital. Nesse contexto, as políticas públicas compensatórias serão paliativas e insuficientes.


Para ampliá-las, torná-las permanentes e para conseguir transformações mais profundas na economia, mais difíceis de se reverter futuramente, é preciso estar à esquerda do próprio governo, pressionando-o pela mobilização direta e nas ruas.

Outra necessidade é a construção das lutas e trabalhos de base de forma independente do governo. Uma coisa é levar as demandas à institucionalidade, outra bem diferente é se deixar cooptar e se submeter a ela. O foco da esquerda consequente deve ser a construção das experiências de luta e organização de base e não os cargos de governo.

E precisamos construir uma pauta própria dos movimentos, que responda às necessidades mais imediatas e dispute setores mais amplos da população para um projeto de esquerda anticapitalista. Citamos aqui algumas pautas importantes para o próximo período, sem prejuízo de outras:


- Taxação das grandes fortunas!

- Que se abra uma discussão transparente sobre o orçamento público com a população e que as decisões sejam tomadas por decisão ampla

- Ampliação drástica de Políticas públicas e de reparação para mulheres, negr@s, população LGBTQIA+

- Tarifa Zero nos transportes coletivos!

- Não à Reforma Administrativa (PEC 32/2020). Abertura dos concursos necessários imediatamente!

- Reforma urbana ampla, com a participação dos movimentos de moradia

- Reforma Agrária ampla em todas as terras improdutivas

- Demarcação das terras indígenas e recuperação das terras tomadas por garimpos e agronegócio

- Aumento das verbas para a Educação Pública, fim das políticas de privatização como a Reforma do Ensino Médio e a BNCC.

- Barrar privatizações. Reversão das privatizações realizadas pelo governo Temer e Bolsonaro

- Auditoria da Dívida pública e não pagamento aos agiotas!

- É preciso o avanço das formas de organização de modo descentralizado, mas coordenado. Criar uma rede de contatos entre os grupos para divulgação de informações campanhas


Para Um Novo Começo - Centro Político Marxista


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