top of page

GOVERNO LULA 3 E OS MOVIMENTOS SOCIAIS

  • paraumnovocomeco
  • 16 de jul. de 2024
  • 5 min de leitura

16/07/2024


[Esta é a terceira parte da análise da conjuntura atual]


O terceiro governo Lula segue marcado pelo cenário de disputas alimentadas pelo neoliberalismo. Os movimentos sociais populares constituem como principais ferramentas contra às investidas que a política neoliberal produz. Um modo de vida impossível, para aqueles que buscam trabalho digno, alimentação saudável, moradia saúde e educação.


Suas ideias são impulsionadas através da ferocidade do capitalismo predatório com falsas saídas estimulando a classe trabalhadora a se engajar numa nova ilusão. O sonho de empreender, ser seu próprio patrão. As responsabilidades de gerir seu próprio negócio produzem efeitos perigosos. Trabalhadores e trabalhadoras tornam-se cada vez mais e mais vulneráveis desamparados de seus direitos e garantias constitucionais. O sucesso e/ou fracasso dessa empreitada de ser seu próprio patrão é uma responsabilidade particularizada pouco cooperativa e solidária.


Verifica-se que, além da violenta opressão e exploração sobre a vida da classe trabalhadora, o modo intensivo e expansivo do capitalismo predatório destrói o meio ambiente. Consequentemente a crise climática chegou para ficar. Se nada for feito, o cenário brasileiro e mundial é catastrófico. Já passou da hora de agir. Precisamos de reações e ações para salvarmos a ” Mãe Terra” e a “terra mãe “.


Os países imperialistas imprimem uma culpa a todos nós pela crise climática, ao invés de assumirem as responsabilidades e definitivamente dividirem toda riqueza acumulada em suas negociatas. O império global juntamente com o negacionismo climático produzem métodos sofisticados pela manutenção da exploração indefinida das riquezas ambientais. Assim, apresentam as novas formas de energias ditas alternativas (eólica, solar, selos de carbono ), entre outras. Entretanto, sabemos bem que a “lógica” da natureza, não é a ” logica” da economia de “capitalismo verde” .


Aqui no Brasil, não faltam evidências. As grandes empresas de capital estrangeiro e suas políticas ditas de preservação ambiental - A Vale, a exploração do sal-gema em Maceió pela Brasken, o agronegócio, a especulação imobiliária - seguem com a destruição e a contaminação do solo, das águas, a poluição do ar, o desmatamento desenfreado e o envenenamento dos alimentos que consumimos diariamente. Conforme vimos recentemente, a tentativa de privatização dos territórios de marinha.


O MST, um movimento de luta que há 40 anos surgiu para combater esta força do capitalismo e para denunciar a conivência do Estado brasileiro com os conflitos agrários na história do país. Sua origem revela o caráter contraditório das escolhas que a burguesia nacional fez durante o processo de transição para a nova democracia política. Desde então, o MST entende que a regularização fundiária é um passo importante de reparação histórica que depende da atuação Estado. Mas somente a partir de um projeto de reforma agrária popular será possível incorporar as demandas econômicas, políticas, sociais juntamente com valorização da agroecologia. Uma das principais bandeiras de luta é o fim do controle do agronegócio pelos grandes latifundiários sobre as terras em diferentes territórios brasileiros. Deste modo cada novo território/ assentamento conquistado implica também reconhecer a importância da vida natural para as novas formas de sociabilidades humanas construídas. Com iniciativas locais de recuperação o solo, a vegetação, os rios, o alimento saudável livre dos agrotóxicos, a relação de todos com a força da natureza. Conta assim, com o envolvimento de diferentes personagens neste processo.


O MST preocupa-se com os biomas brasileiros e lança desafios como o plantio de árvores. A árvore como um símbolo que remete a um espaço de um modo de viver bem e do bem viver. O MST é um espaço de luta coletiva e solidária. Que se expande pelo conhecimento da prática freireana, no respeito à cultura e o conhecimento de cada povo em sua região


É importante destacar que o MST, através da liderança de João Stedile demonstrou a sua insatisfação com a política agrária do governo Lula 3. Realmente, é fundamental que um governo democrático ouça e atenda as reivindicações antigas daqueles que lutam pela regularização de terras e territórios. Esse enfretamento depende da articulação entre os movimentos sociais populares contra o poder que os representantes do capital detêm no parlamento brasileiro.


No atual contexto, é preciso que a organicidade dos movimentos sociais populares seja fortalecida para pressionar o governo contra a especulação imobiliária e também realizar uma reforma urbana robusta. Ocupar os imóveis sem nenhuma função social é uma maneira. Pois as pautas que apresentam mudanças estruturais além de não terem sido colocadas como prioritárias pelo governo, seguem enfraquecidas do ponto de vista das últimas mobilizações organizada pela esquerda brasileira. Percebe-se que o foco econômico diverge da realidade social enfrentada pela classe trabalhadora. Reforçando assim a celebre frase de Maria da Conceição Tavares, “a Economia que não se preocupa com a justiça social é uma economia que condena os povos”.


O MST e o MTST seguem com seus trabalhos comunitários, cozinhas solidárias, hortas comunitárias formando assim, uma união solidária dos companheiros e companheiras. Nos momentos de crises como ocorreram na pandemia e a última climática que afetou o Rio Grande do Sul, esses movimentos sociais populares reafirmam perante a sociedade brasileira seu compromisso humanitário.


Um movimento que também devemos destacar e que combate esta forma caótica de ser do capitalismo é uma rede chamada, “A TEIA DOS POVOS”. Movimento de camponeses, camponesas, pretos e quilombolas, povos indígenas e de todas as pessoas que estão desterritorializadas. É interessante a conexão das pessoas que fazem parte dessa teia, principalmente, suas ações focadas contra a herança imperialista, patriarcal, escravocrata e machista.


As mulheres devem ser as protagonistas dentro dessas diferentes comunidades - a importância exercida por cada uma delas dentro da teia - sendo fundamental serem ouvidas, respeitadas em suas lideranças em cada comunidade, cada território. Que os homens assumam cuidados com os filhos e com as tarefas domésticas. Assim, as mulheres estarão participando fortemente das ações e tarefas em suas comunidades.

Os homens dentro das suas comunidades, precisam abandonar a ilusão de que são líderes por natureza. E que as mulheres não tenham medo de assumir a liderança das suas comunidades e fortalecer seus territórios.


Pois é bem entendido dentro da TEIA DOS POVOS que cada território tem sua característica particular e é preciso respeitá-lo.

A TEIA DOS POVOS considera a agroecologia como feminina. Por isso, a ligação com o solo e a Mãe Terra que tudo nutre e transforma ao seu redor o meio ambiente. A luta contínua contra toda forma de machismo, do patriarcado e da dominação neocolonial. A valorização de toda a ancestralidade, da maneira de ver e sentir a natureza. A TEIA DOS POVOS não espera a ajuda do Estado ou de um partido político. Entende que a traição do Estado e dos partidos políticos como um modo de utilizar os povos desterritorializados como massa de manobra, voltado apenas para seus interesses econômicos, abandonando a bandeira dos sem-terra, dos sem teto. E por fim, a caminhada da TEIA DOS POVOS é feita de passos, ações e tarefas/caminhos para alcançar a soberania alimentar, energética e hídrica.


A conquista de uma jornada revolucionária perpassa pela formação de uma nova consciência dos indivíduos sociais voltada à emancipação humana em sua totalidade.

Em base a isso tudo, é de suma importância uma rearticulação dos movimentos sociais e populares rumo a construção de uma alternativa política e independente ao sistema metabólico do capital, tendo como um dos pontos de apoio práticas de economia popular.

Por fim, dado o avanço da violência contra esses setores, essa rearticulação deve combinar iniciativas de autodefesa.



Para um Novo Começo – Centro Político Marxista

 
 
 

Comments


bottom of page