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FORTALECER, UNIFICAR AS RESISTÊNCIAS!

  • paraumnovocomeco
  • 10 de abr. de 2021
  • 7 min de leitura

11/092020



FORTALECER, UNIFICAR AS RESISTÊNCIAS!

CONSTRUIRMOS ALTERNATIVAS CONTRA A BARBÁRIE DE BOLSONARO E DOS EMPRESÁRIOS!


Tendo a pandemia como pano de fundo, e com o número de vítimas chegando quase a atingir os 130.000 mortos, e apesar de ter o governo a maior responsabilidade nessa catástrofe sanitária e humana, as últimas semanas mostraram uma recuperação relativa do governo Bolsonaro. Por um lado, manteve o apoio das Forças Armadas, do Congresso, fortaleceu aliança com o Centrão e mantém a anuência da Justiça. Essas instituições buscam controlar as tendências neofascistas do governo mas não postula ir além disso, apesar de todos os escândalos e evidências envolvendo a família presidencial. Vemos também que a pauta do Fora Bolsonaro foi tirada de cena por setores da mídia (e parte da esquerda institucional). Os setores dominantes do empresariado que expressam seu pensamento pelas empresas de comunicação de massas, vêm esse governo, apesar de todas as ressalvas, como o melhor no quadro atual para impulsionar as contrarreformas, privatizações, combate a qualquer tipo de movimento social e à esquerda. Por isso, defendem a sua agenda econômica, suas medidas privatizantes e a retirada dos direitos sociais e trabalhistas. Essa recomposição também se dá em função da mudança de tom de Bolsonaro frente ao Congresso e Judiciário e, ao mesmo tempo pela prorrogação do auxílio emergencial, medida que foi obrigado a engolir pelas circunstâncias mas que agora reverteu-se a seu favor. Vemos, nesse momento, o governo desenvolver uma face populista, o que o torna mais perigoso. Bolsonaro avança inclusive no eleitorado do PT, nas faixas mais pobres, o que mostra também a fragilidade das políticas de distribuição de auxílio como formação de uma base de esquerda. Mesmo nesta tática de utilizar o auxílio emergencial, as contradições entre o objetivo político do governo para reverter a baixa popularidade e as imposições da agenda neoliberal se manifestam: o governo que queria apenas R$200,00 de auxílio e teve que aceitar R$600,00 agora o prorroga, mas com apenas R$300,00.

Além de se recuperar, o bolsonarismo lança uma ofensiva sobre adversários políticos no campo da direita utilizando a Polícia Federal, o aparato judicial e sua rede nas mídias sociais como instrumentos. Wilson Witzel, que foi afastado do cargo, não escolherá o novo procurador estadual que irá tratar das denúncias contra Flávio Bolsonaro e Dória, fortemente atacado pelos bolsonaristas, teve sua popularidade em queda. No Rio de Janeiro o prefeito Marcelo Crivella, bispo da Universal e fiel aliado de Bolsonaro, é candidato a reeleição apesar da baixa popularidade, além das denúncias do uso de funcionários municipais comissionados (os autointitulados “Guardiões do Crivella”) como milícia para assediar jornalistas que cobrem as falhas da prefeitura no manejo da pandemia, foi a Justiça Eleitoral autorizar ação contra Eduardo Paes (que as pesquisas colocam como o melhor colocado na disputa eleitoral) por denúncia de corrupção feita há quatro anos.

Baseando-se nessa recomposição, o governo, por sua vez, busca “passar a boiada” em várias frentes sobre a população pobre, os serviços públicos, o meio ambiente, os direitos e negociações coletivas, ou seja, contra tudo que seja de caráter coletivo e social. Sua retórica de igualdade de empreendimento e da meritocracia individualista, na verdade expressa os interesses dos grandes grupos empresariais que lidam com sua crise se apossando de tudo que podem impondo sobre a população pobre a penúria e a morte. A tragédia que o Pantanal e a Amazônia enfrentam com os incêndios, as queimadas, o avanço do desmatamento e do garimpo ilegal e, o ataque aos povos originários, é fruto desta aliança genocida de um governo neofascista com os interesses do empresariado. Aproveitam-se da pandemia que tem dificultado as manifestações massivas de rua e de uma situação de profundo desemprego e luta individual pela sobrevivência, para descarregar ainda mais ataques sobre as classe trabalhadora, como o corte dos salários e direitos.

A maioria da população se sente de mãos amarradas. Grande parte tem que sair no dia a dia para conseguir seu ganha pão e, com isso, ficam mais expostos à contaminação. Os setores com alguns direitos e empregos, ainda tem receio de ir às ruas o que é compreensível, completando esse quadro dramático. As direções tradicionais e com maior peso permanecem na paralisia. As organizações mais de esquerda enfrentam dificuldades e adaptações, não conseguindo se coordenar pra enfrentar esse processo e apresentar uma alternativa.

Mesmo assim, ocorrem importantes lutas de resistência que se forem vitoriosas, podem incentivar outros setores e dificultar as coisas pra “os de cima”. Entres as lutas do momento destacamos: - Greve dos Correios é a greve mais importante do momento que enfrenta o corte de quase todas as suas 78 cláusulas trabalhistas conquistadas a duras penas em anos anteriores. A intenção do governo é baratear ao máximo a mão de obra para tornar os Correios, que já são lucrativos, ainda mais atrativos para a privatização.

- As lutas populares contra desocupações no campo e nas cidades. No sul da Bahia, uma manobra dos latifundiários está em curso para atacar os assentamentos sob o pretexto de "pacificação de conflito". Por trás disso está o ex-líder da União Democrática Ruralista (UDR) e defensor de milícias rurais, Nabhan Garcia, que foi agraciado com o cargo de secretário especial de Assuntos Fundiários e defende todas as medidas para favorecer grileiros. É dele o pedido do envio da Força Nacional de Segurança Pública para os municípios de Prado e Mucuri (sul da Bahia) sob a justificativa de um conflito agrário apontado pelo INCRA e negado pelo MST. É preciso denunciar a manobra em curso que pode levar agressões e toda forma de violência aos assentamentos da região, que são unidades produtivas e agroecológicas.


O QUE VEM POR AÍ... LUTEMOS AGORA, NOS PREPARANDO PARA O DEPOIS...

O governo está acrescentando todas as contradições estruturais que se acumulam de forma perversa. A economia ficará muito abalada após a pandemia e a burguesia para recuperar lucros vai fazer toda pressão pra explorar o mais possível os trabalhadores

Portanto apesar das dificuldades colocadas pelo contexto social, político e da pandemia, é fundamental a construção/fortalecimento/formação política de movimentos e de uma vanguarda que esteja ciente dessa situação e prepara-la para ter uma participação importante no momento posterior onde podem e devem surgir lutas muito mais fortes e acirradas.

Além do apoio aos movimentos já em andamento, devemos lutar por: - Não ao corte do auxílio emergencial!! - Pela manutenção e ampliação do valor da renda básica para um salário mínimo para combater a situação emergencial na pandemia e o desemprego; Para ter o dinheiro, defendemos a taxação das grandes fortunas e auditoria/não pagamento da dívida pública aos banqueiros e agiotas.

- Congelar os preços dos alimentos no mercado interno. Estabelecer uma lista de preços máximos para suprimentos de primeira necessidade. Assegurar uma cota de esses produtos para evitar desabastecimento. Vigiar aos produtores e sancionar qualquer intento de acumulação que prejudique a chegada dos produtos à população. - Não à Destruição e privatização dos serviços públicos. Não à “Reforma Administrativa”! - A questão das liberdades democráticas também é fundamental. Não podemos baixar a guarda para a ofensiva autoritária. Apesar de impor alguns limites ao neofascismo de Bolsonaro e seu governo, o STF é parte da justiça burguesa e dá cobertura/promove o aprofundamento do estado policial. O aparelho repressivo de vigilância e punição vem sendo reativado na prática. Com a reforma administrativa, o presidente terá o poder de extinguir numa canetada qualquer órgão da administração pública federal ou fazer modificações, por decreto. Nesse sentido devemos combater o projeto de Lei protocolado por Eduardo Bolsonaro que visa declarar o comunismo como igual ao nazismo e com penas de até 9 anos de prisão. Mesmo que não se concretize cumpre papel ideológico extremamente danoso e deve ser enterrado e desmoralizado. Ao mesmo tempo, é preciso desde já criar e interagir formas de atuação por fora das instituições do capital e do estado de forma a criar uma força social e política capaz de disputar os rumos da sociedade; para superar a crise. Por exemplo: as ocupações, assentamentos, movimentos de hortas comunitárias, produção de roupas e outros bens necessários à vida. - As Lives, denúncias, campanhas, entrosamento com demais organizações devem estar a serviço desse objetivo maior, de preparação para o momento que vem pela frente, e que, com certeza haverá uma tendência ao aumento e acirramento das resistências, organização alternativas assim como também da repressão.


E AS ELEIÇÕES? No contexto atual, entendemos que a intervenção nas eleições como um momento importante de disputa de consciência. Mas isso não pode ser a prioridade perante os movimentos de luta concreta, ao contrário devem estar a serviço deles tendo os movimentos como prioridades. Por isso, é muito ruim as alianças com partidos de direita, como as alianças do PT e do PCdoB em vários municípios com o PMDB e até com o PSL. Em menor intensidade, mas que também presta um grande desserviço, são as alianças do PSOL com a Rede em Santo André em outras cidades. No Rio de Janeiro, após fracassarem as tentativas de uma chapa de esquerda unificada com o PT, o PSOL lança como candidata a deputada estadual Renata Souza, militante do movimento das favelas e dos DDHH. Porém o escolhido para vice é o coronel da reserva da PMERJ (e ex-comandante da corporação) Íbis Pereira, que é militante do PSOL há alguns anos. Embora conhecido por sua postura progressista em relação ao enfrentamento da violência urbana sua escolha já encontra grandes críticas da militância de base, pois ele tem o nome associado a uma instituição famosa por sua violência e corrupção para qual boa parte da base popular do partido pede a extinção... Se por um lado nessas eleições se expressam várias candidaturas de base e de luta, como as de bancadas coletivas e demais ativistas, a estratégia de coligação com partidos que estão do outro lado das lutas, joga contra os interesses dos movimentos e avança rápida e perigosamente na mesma trilha do PT em função dos interesses eleitorais o que é muito complicado.

11 de setembro de 2020

Para Um Novo Começo Centro Político Marxista

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